sexta-feira, 13 de julho de 2012

A Sucessora - Capítulo 10

Depoimento de:

Enquanto voltávamos ao nosso bosque, Anie havia sumido mais uma vez. Mas isso não importava no momento, havíamos acabado de encontrar com Janie, filha de Susana, ela parecia morrer de medo. Embora Ember ter falado com ela, eu podia sentir que ela ainda tinha muito medo de todas, porém quando abriu seu coração ficou feliz. Eu podia sentir tudo aquilo, todas as emoções e sentimentos dela vinham diretamente em mim. Eu ainda não havia falado com ela, todas haviam cercado, menos Anie, sumida nos momentos mais importantes. Queria me aproximar dela, mas vi que não iria ter chance, não agora.
Assim que ela tomou seu banho e já estava em seu quarto reservado, fui até ela. Estava sentada na cama lendo, quando me viu parada na porta do quarto, falou:
 _Entre , por favor.... - eu nao demorei muito. entrei me sentei ao seu lado.
_ Oi, meu nome é Glen, fada da alegria -ela me olhava com uma cara de espanto- desculpa, majestade ,me esqueci que você acabou de chegar e ...
_Não precisa se desculpar e não me chame de majestade - disse ela me interrompendo - sei que as intenções de todas são as melhores, mas eu realmente quero saber por que eu estou aqui- ela ficou muito seria, parecia sentir raiva sentei mais do lado dela, ela pareceu se afastar _olha, você não precisa ter medo.- ela olhou para mim, senti o seu medo ir embora. Mas um turbilhão de emoções vem em mim e nela- sabe de uma coisa, se não fosse por você, eu nem estaria aqui .
_Como assim ??? - ela me perguntou espantada .
_Longa historia, vai descansar, amanhã lhe contaremos tudo. Boa noite, sonhe com Aslam.
Assim que sai fechei a porta, e fui pro meu quarto no palácio, passei a noite em claro, pensando, refletindo, algo não estava certo. Anie era a unica que vivia sumindo, nas horas mais importantes ela some. Enfim não se pode acusar ninguém sem provas concretas. Assim que amanheceu eu ainda estava acordada, e não estava nem um pouco cansada. Sai em direção ao corredor, la estava Ember junto de Janie. Conforme fui me aproximando delas, Janie virou seu rosto ainda meio amarrotado de sono e disse
_Bom dia !!! - bem caloroso, ate estranhei
_Bom dia !! Janie ja nao parececia ter medo de mim e nem de Ember. Mas quando Kamille se aproximou simplesmente ela começou a estremecer por dentro. Estendi minha mao pra ela e simlesmente aquilo passou, por ser fada da alegria aquilo ajudou um pouco. Descemos pra tomar cafe, Janie parecia um leão sobre a mesa, todas as fadas começaram a rir, Anie chegou a até engasgar rindo, o que fez todas rirem mais ainda, ate Janie começou a rir do que ela fez. A explicaçao que ela deu foi "que nunca havia comido um manjar turco tão gostoso". Depois dessa palhaçada toda, demos sorte de Ybelle não ter visto. Resolvemos ali mesmo no cafe contar a Janie sua origem.
_Janie, temos que lhe contar o real motivo de estar aqui. - disse Ember, mais a boca de Janie estava tão ocupada com manjar turco que só balançou a cabeça "sim" - glen vc pode contar ?
_Sim. Janie, sua mãe era rainha neste país, ela e seus irmaos no caso seus tios- na hora ela parou de comer manjar limpou a boca com um lenço, Ember olhou para minha cara.
_ Então as historias da mamae eram tudo verdade?? _ perguntou ela
_Sim, todas, seus tios sofreram um acidente de trem três anos antes de você nascer, e junto se foi seu primo Eustáquio e - nesse momento ela me interrompeu
_Você esta querendo dizer que minha familia toda veio parar aqui?? _perguntou novamente, cada vez mais aflita
_Sim, mas me escute, assim que seus tios e seu primo sofreram o tal acidente, todos vieram pra Narnia, menos sua mae, pois ela deixou de acreditar neste lugar e so tinha olhos para coisas futeis. Mas assim que seus tios vieram parar em Narnia, infelizmente ja era a destruiçao, todos foram pro país de Aslam, mas Aslam foi misericordioso com seu povo, entao decidiu deixar Narnia inteira, porem sendo governada por tiranos, reis de mal carater que deixaram seu povo na miseria. Mas no meio dessa obscuridão ainda existem pessoas de bom coraçao, tipo o Liam - ela me escutava atentamente - Mas sem a presença de Aslam, Narnia estava morrendo aos poucos, inclusive nós fadas, algumas ja nao estão entre nós, e tambem se nao fosse pela sua chegada eu tambem nao estaria aqui.
_Pera, entao quer dizer que eu estou aqui por que Narnia precisa de mim ??? assim como aconteceu com a minha mae nas historias??
_Sim , sua missao é salvar todos que ainda acreditam em Aslam, trazer a antiga magia narniana de volta. Precisamos de você! - disse Ember - queremos que seja nossa amiga e que confie em todas nós.
_Você acha que eu seria capaz de salvar uma terra?? Olha bem pra mim, sou pequena, magra e medrosa.- ela falava olhando fisicamente pra mim.
_Sim, assim como seu tio Pedro tambem nao se sentia capaz de derrotar a feiticeira, e a derrotou e virou o Grande Rei, o Magnifico. Assim como sua tia Lucia que tinha medo , e os superou, virando a destemida, assim como seu tio Edmundo que provou ser justo, e sua mãe, que provou ser gentil - logo senti que minhas palavras foram duras- Sinto muito, não queria falar com voce desse jeito.
_Entao...- ela abaixou a cabeça pra esconder suas lagrimas - Ember olhava bem assustada pra mim. As outras fadas ja havian ido pra suas tarefas diárias.
_Tentarei ser os quatro junto - ela ergueu a cabeça.
_Isso mesmo Janie - disse Ember pra incentivar – E aliás, falarei com Liam, quer que o mande algum recado seu?
_Liam? Sim, claro. Diga a ele que sinto muito sua falta, e que peço desculpas pela minha ignorância. – disse ela com um olhar triste.
 _ Claro, passarei sua fala. Mas agora, minhas queridas, peço permissão para deixá-las. Algumas almas atormentadas precisão de mim. – Ember beijou a testa de Janie, e saiu andando. Janie olhava pra ela como se fosse morrer de saudade
_Ela volta, acredite -falei com ela- me desculpa se te magoei ta? Nao era a minha intensão falar grosso com você, apenas que eu me preocupo com você, você é a esperança desse povo tao sofrido
_Mas por que Aslam nao volta para ajudar todos? Ele não é o criador de tudo isso?
_Sim, mas como ele mesmo disse "nada acontece duas vezes da mesma maneira" - janie me olhava com muita atenção - além disso ele deixou nossa terra e foi viver em seu país, ele apenas nos deu uma segunda chance, mais isso nao significa que iria nos ajudar toda vez que gritássemos por ele - janie olhava pra mim , eu sabia no que ela estava pensando, ao longo do dia ela passou grudada em mim, pois o bosque oculto era frio demais e humanos ficariam doentes muito rápido, mas tambem quando Ember estava por perto estava ela lá grudada nela. Ela era muito parecida com a rainha Susana, os olhos eram dela, olhos azuis como o céu. Eis que mais um dia se vai em Nárnia, que a cada dia estava mais linda.
No jantar Janie nao voou na mesa igual ao leão, mas assim que lembramos da cena todas riram, somente Janie ficou sem entender direito qual era a piada, Ybelle parecia que ia arrancar nossas cabeças... Assim que todas terminaram foram dormir. Eu estava cansada pois nao havia dormido, cai na cama igual a uma pedra. Mas de madrugada algo me incomodou muito. Fui andando ate o quarto de Janie, e la estava ela se remechendo na cama, parecia estar tendo um pesadelo, assim que cheguei na porta, ela acordou, assustada
_Janie, você esta bem?? _perguntei quase num susurro
_Não, tive um pesadelo _ disse ela
_Com o que vc sonhou ?
_Com minha mae, e com o papai... E com Liam
_ Agora passou -peguei um copo de agua pra ela- ja esta se sentindo melhor?
_Sim, obrigada. _bom, vou pro meu quarto -janie me olhava com uma carinha feliz, uma cara diferente de quando chegou, ela pegou na minha mao e senti tudo que ela sentia, falta de Liam, saudade do pai e da mae , senti a confiança que tinha em mim e na Ember. - agora vá dormi, amanha temos um longo dia . - beijei sua testa, mas antes de sair ela me chamou .
_Glen, voce poderia ficar aqui no quarto comigo?



sábado, 19 de maio de 2012

A Sucessora - Capítulo 9

Depoimento de:

Lá estava eu, e ao meu redor, criaturas radiantes encapuzadas, o que deixava aquele bosque mais sombrio que o normal. E a pessoa que eu mais confiava naquele lugar, desaparecia sob a névoa daquela manhã. Ember olhou para mim, parecia que ela tinha percebido que eu confiava nele mais que tudo naquele momento. Então, ela deu um sorriso acolhedor, e estendeu sua mão. Sua pele era suave, macia e radiante.
-Vamos? - disse Ember, ainda com seu sorriso. De alguma forma, eu ainda estava assustada, o que me deixou paralisada. - Confie em mim, você ficará bem. - Depois dela dizer estas palavras, algo em mim suspirou, mas parte de mim ainda desconfiava de tudo aquilo.

Segurei sua mão, e ela faz um sinal para as outras, pedindo para seguirem em frente. De repente, a névoa aumentou, de uma forma extraordinária. Segurei novamente a mão de Ember, e soube que não estava sozinha. Ainda.
-Ember? O que está acontecendo? - eu disse, segurando sua mão um pouco mais forte.
-Abra seu coração, Janie, e só assim verá nosso mundo. - Ember disse.

De repente, como um choque elétrico, vi uma das cenas mais lindas, e quase impossíveis de descrever.
Ember e as fadas, tiraram aquelas capas, e pude finalmente perceber quantos detalhes elas tinham. O céu acima de nós ficou mais azul, e de alguma forma senti esperança para aquele lugar. Havia um enorme palácio, o qual superava todo e qualquer outro existente em meu mundo. Era feito de espelhos por fora, e iluminava cada vez mais o ambiente. Depois de um tempo, percebi que havia um sorriso involuntário em meu rosto. Havia uma fada em frente à porta do palácio.Ela tinha uma expressão séria,mas mesmo assim,parecia ser muito amável. Estava preocupada com algo. E nos observava ansiosamente.
-Ybelle! - disse uma das fadas. Ela foi em direção a Ybelle, mas antes de falar com ela, fez uma espécie de cumprimento com a cabeça. Fadas são tão educadas, que você fica até meio sem graça ao conversar com elas. Fomos em direção a fada da porta, que deu um grande sorriso ao me ver. Enquanto eu ainda olhava para ela, as outras fadas fizeram o mesmo sinal com a cabeça, olhei assustada para trás e tentei fazer igual a , mas Ybelle colocou sua mão em meu ombro.
-Não há necessidade, sei que está cansada, e precisamos conversar com você.- Ybelle disse, sorrindo e abrindo as portas do Palácio, fazendo um sinal para que eu entrasse.
Quando entrei no palácio,pensei: ”Será que mereço entrar em um lugar tão honrado assim?”. Ele era lindo, havia enormes luminárias e alguns corredores a esquerda, dava para observar que um levava a biblioteca, pois viam-se Prateleiras, com vários livros, que nem dava para contar. Foi a primeira coisa que percebi, pois sempre senti uma paixão por leitura.
Olhei para trás, Ybelle ainda me observava, e Ember, mesmo tendo olhado para aquele lugar um milhão de vezes, ainda parecia maravilhada.
-Aqui é...maravilhoso! - eu disse.
-Sempre admirei este lugar, e sempre cuidei com toda carinho possível. - Ybelle disse.
-Mas, o que vocês querem comigo? Por que me trouxeram aqui? - eu disse,confusa.
-Bem...é uma longa História. Mas podemos resumi-la em uma frase: Nárnia depende de você. - Ember disse.
Um milhão de memórias vieram em minha mente, o que me deixou um pouco tonta. Nárnia? Dependente de mim? Impossível. Então, como um sussurro, uma frase veio a minha mente, involuntariamente: ”Você já está em Nárnia,o que é impossível?”.
-Como assim? De mim? - eu disse,com sarcasmo.
-Bem, há algum tempo, seus tios vieram à Nárnia. Sua mãe também.-Maryn.

As vozes de minha mãe dominaram minha mente. Cada verso, cada palavra, e cada um de seus gestos. Como aquilo poderia ser verdade? Pisquei meus olhos duas vezes, assustada. Como isso está acontecendo?
_Maryn, como você é sutil! – disse Ember, ironicamente
_Concordo que ela precisa descansar antes. A manhã foi muito agitada para ela. – disse Callen, a dona das águas.
Então entrou na sala, uma mulher esbelta, de cabelos negros, assim como eu.
_Então aqui está o motivo do alvoroço! – ela esticou sua mão até mim – Sou Anie. E você deve ser...
_ Janie Stewart. – interrompi. Quando percebi seu tom, de primeira, não fiquei muito confortável.
_Pensei que fosse uma Pevensie... – disse ela, me questionando, e antes que eu pudesse  falar...
_Anie, não é a hora ainda. Vocês não percebem que ela ainda está em choque? – disse Ember, nervosa
_Vamos preparar um banho para ela. – disse uma fada ruiva, de aparência muito fervente, que mais tarde descobri ser Igne.
_Ótimo, posso conseguir algumas ervas relaxantes... – disse a mãe da natureza, Kamille.
Enquanto as fadas se reuniam à minha volta, me dizendo o que fariam, e quão belas seriam minhas vestes, notei uma fada chamando Ember, com alguma dificuldade, consegui escutá-las:
_Não julgarei ninguém antes de provas, mas não podemos arriscar quando se trata de Anie. – disse a fada, para Ember
_Fique tranqüila, cuidarei de Janie. E quanto à Anie, acho que ela tem trabalho demais, agora que um portal foi rompido.
Com isso elas me levaram para um andar superior, e começaram a me confortar.


domingo, 29 de abril de 2012

A Sucessora - Capítulo 8

Depoimento de:

As coisas estavam mais agitadas que o normal. Geralmente vivíamos em uma dimensão calma, tranqüila, que mesmo quando havia Guerra, permanecia intacta. Mas desta vez, o conflito nos envolvia. Na verdade éramos o conflito. Os bosques estavam diferentes, como a expressão na face de cada uma de nós. A chegada da humana afetou tanto o mundo visível quanto o invisível, algumas entidades mal conseguiam realizar suas tarefas e os narnianos já sentiam as mudanças na atmosfera.
Glen trouxe um fato intrigante à público esta noite. Aparentemente existe uma traidora entre nós. É difícil crer que alguém que nos acompanhou durante tanto tempo, uma criatura nascida do sopro do Grande Aslam, tenha se virado contra suas irmãs, mas é ao que levam todos os vestígios. Todavia neste momento, a traição de uma alada não é o mais importante. O encontro com a garota das masmorras é esta manhã. Não houve muito tempo para preparar um plano, então nada seria certo Dalí em diante. Nem todas as fadas desejavam me acompanhar, não achavam sensato eu ter convocado um simples humano para nos ajudar.  Porém elas não conheciam o coração de Liam, Príncipe Liam para os narnianos. O jovem, considerado um tirano, apenas seguia as ordens do pai, este sim um insolente. Dentro de si guardava uma alma exuberante, eu o conhecia como a todos, e sabia que se o nomeássemos, este nos seria fiel. O que mais me amedrontava era que, mesmo sendo o Príncipe um bravo cavalheiro, eu houvera dado à ele uma missão, digamos, um pouco complicada, mas sabia que ele conseguiria, de alguma forma. Ao me passar por Janie em seu sonho, percebi seu repentino interesse em ajudá-la.
O encontro foi marcado em uma espécie de abertura entre nossos dois mundos. Um bosque chamado de Preâmbulo, muito pouco freqüentado, por sua aparência sombria.
Antes mesmo do nascer do Sol, aquelas me seguiriam começaram a se preparar. Uma escura capa negra nos tapava a face e o corpo, com um denso capuz que mal nos permitia a visão. Levava certo tempo para que ficássemos preparadas, areias de trigo nos abafava o brilho, águas praianas amenizavam o cheiro característico de cada uma e as asas mantínhamos guardadas, mas era óbvio que achariam estranho um bando de mulheres capadas cavalgando a pleno amanhecer.
Não pude, mais uma vez, ser acompanhada de meu doce Thorine, sendo levada por um corcel negro e rubro que habitava o berço de Kamille. Feinyl era jovem, mas por não ser diferente de qualquer outro no mundo concreto, logo se adaptaria.
E então seguimos viagem, no fim das contas apenas Ybelle e Igne permaneceram no Palácio, tendo que ficar de guarda. Com o tempo todas concordaram com minha decisão. O Sol já começava a se erguer, alaranjado e caloroso, mas ao mesmo tempo tristonho e frio que mal esquentava os corações narnianos. Mais uma vez aquela imagem brusca como um golpe, para alguma fadas, uma espécie de novidade atormentadora. A poeira deixada pelo Beruna se levantava conforme os cascos batiam no chão, o som da cavalgada me lembrava muito o produzido pelos quatro Reis nos tempos de Ouro. Confesso que por um momento, uma fração de segundos, aquele vento tocando levemente minha pele, a cena de minhas irmãs juntas e gargalhando pela lentidão de Callen, e as crinas volumosas sendo levadas com o ar, fizeram-me querer que aquilo jamais terminasse. Como muitas vezes desejei que acontecesse. E então chegávamos ao Preâmbulo. Algumas se renegavam a entrar, corvos voavam sob as árvores, e um canto irreconhecível saia de lá. Mas tudo não passava de covardia. Após uma séria discussão, todas já estavam lá dentro. Deixamos nossos condutores soltos, e subimos nos altos arvoredos do Bosque, esperando ansiosamente, pela chegada de nossos convidados.
Lá permanecemos durante alguns minutos, o silêncio era doloroso, e a troca de olhares era frequente. Até que, depois de um tempo, a calmaria foi interrompida por um galopar pesado e rápido, que foi gradativamente ficando mais leve, conforme penetrava o bosque.
_Não precisava ter corrido tão rápido. – disse uma voz leve e trêmula
_Se não tivesse o feito, nos teriam alcançado. – dessa vez, uma voz mais rouca, que eu conhecia bem, Liam!
A jovem desceu da montaria com um pouco de dificuldade, parecia meio tonta. Em seguida o príncipe, olhando rapidamente os arredores onde se encontravam.
_Agora pode me dizer quem é? E por qual motivo aparente me tirou de lá? – disse a jovem.
Liam que ainda observava o campo, parou instantaneamente, parecendo surpreso.
_Como? Você mesma que me pediu para que a salvasse!
_O que diz? Como posso ter pedido ajuda, sendo que desde que cheguei me trancafiaram naquela sela imunda?
_Desde que chegou? Como assim? Chegou de onde? Você não é de Nárnia? – Liam estava mesmo nervoso, parecia ter se arrependido do ato que acabara de cometer.
_Não. Quer dizer, Nárnia? É onde estou? Mas pensei que fossem apenas histórias! – disse Janie, pensativa.
_Calma um minuto. Você não é uma feiticeira?
_Feiticeira? Veja bem, sei que não estou com as melhores vestes possíveis, e minha expressão pode estar horrível... Mas achar que sou uma feiticeira é demais!
_Mas foi o que me disse no sonho... – Janie se espantou, mas permitiu que Liam continuasse – Que era uma das últimas e tinha sido capturada pelos guardas do Palácio. Me prometeu que se a libertasse não voltaria à essas bandas. Agora que já chegou ao seu destino simplesmente se nega a aceitar suas próprias falas?
_Não, não... Como assim? Desculpe-me, mas devo ser a pessoa errada. – falou a jovem, com um tom baixo e choroso.
Aquilo já tinha ido longe demais, já o tínhamos observado por muito tempo, era hora de parar a conversa, antes que algo fora dos planos acontecesse. Como tinha sido eu a armar o circo, fui a primeira a me apresentar. O salto do topo da árvore foi bruto, e produziu um som oco e abafado. Permanecia com as vestes negras, e com o rosto coberto. Ao tocar o chão, ambos olharam para mim como um súbito reflexo.
_Não és a pessoa errada Janie. – disse olhando ainda para baixo, percebi o susto que a jovem levou quando citei seu nome, ela rapidamente se escondeu por trás de Liam.
A imagem era mesmo meio conturbadora, ver um ser encapuzado dizer seu nome não é nada interessante. Ao perceber o medo nos olhos deles, foi que tirei a capa. E seus olhos se arregalaram mais ainda.
_Impossível! – disse Janie
_Fantástico! – disse Liam
É, as areias de trigo ajudavam, mas em um ambiente escuro como o Preâmbulo, era inevitável que nosso brilho aparecesse.
_O... O... Que é você? – perguntou Janie
_Bem, é difícil explicar querida. Principalmente à você. Basta saber que estamos do seu lado. Queremos seu bem apenas. Precisamos de você acima de tudo. – respondi com um pouco de dificuldade
_Estamos? Queremos? Precisamos? – disse Liam, questionando a pluralidade das palavras.
Não precisei dizer nada, em um enxame de faíscas todas as outras desceram das árvores, surpreendendo Janie, e encantando Liam, que já imaginava a existência da verdadeira magia em Nárnia. A jovem colocou as mãos no rosto, mostrando que levara um verdadeiro choque. Ela não fazia idéia do que estava acontecendo. Cheguei um pouco mais perto, para explicar o mal entendido.
_Alteza. Janie não é uma feiticeira. Foi eu que a coloquei em seu sonho, para que a trouxesse até nós. Como vê, não poderíamos nós mesmas ir buscá-la. Agradecemos em conjunto por sua ajuda. Agora tem de nós, uma gratidão eterna.
_E quem são vocês, exatamente? – disse ele, concordando com o agradecimento.
_Na teoria somos seres alados dotados de poderes mágicos e responsabilidades terrenas. Devemos manter certas atividades em ordem no mundo concreto. – respondeu Noreen, sempre com a fala mais perfeita possível.
_Somos fadas. – resumiu Kamille, que não se acostumava com as citações alongadas da Rainha da Inteligência.
_Vocês existem! Isso é fabuloso! – disse o príncipe, pasmo.
_Existimos e precisamos ir antes que a manhã chegue por completo, depois fica complicado passar pelos atalhos. – acrescentou Maryn, a sempre apressada, fada do tempo.
_Mais uma vez lhe agradecemos Liam. Seremos sempre gratas, e estaremos prontas quando necessitar de nossa ajuda. – estiquei a mão para Janie, a fim de que me acompanhasse.
_Não! – disse ela balançando a cabeça. – Não vou sem ele!
A atitude de Janie espantou a todos, principalmente o príncipe, que olhava abismado para ela.
_Não sei quem são. Não tenho certeza. Não as acompanho só.
_É normal que ela tenha medo, Ember. – disse Callen.
_Mas ele não pode ir conosco. Nenhum humano pisa em solo imaterial. Janie é uma exceção. – a possibilidade de dois humanos em nossa Terra era um golpe. – Mas... Anie?
_É complicado Ember, para a entrada dela já perderemos parte do véu, e você sabe como ele demora a se recuperar. Mas ele pode nos acompanhar até o limite.
O limite era o ponto onde acabava o mundo material, e começava o nosso. Até lá, não haveria problemas em sermos acompanhadas por Liam.
_Janie, ele pode te acompanhar apenas até a entrada da passagem. A partir daí é perigoso demais.
Ela olhou para ele, era impressionante a cumplicidade que criaram apenas durante aqueles minutos. Janie confiava nele, mais do que tudo naquele momento.
_Já ouvi histórias sobre a magia da antiga Nárnia. Não imaginava que ainda existia algum vestígio dela. Se existe, acredite, é confiável. – o príncipe a confortou.
Janie assentiu. E ainda amedrontada e confusa, nos acompanhou. Durante a caminhada, percebia cochichos entre eles. Ela ainda não se sentia segura.
Ao chegar ao limite, a entrada foi um pouco árdua. Mas se concretizou. Pouco antes de entrar, me direcionei à Liam, e dei meu último aviso:
_Não mencione isso à ninguém. Vossa Alteza não faz idéia do que está para acontecer. Vosso pai, o rei, não pode sequer imaginar o que fez. E ñão se preocupe com os guardas que o viram, cuidaremos deles. Ah, e não se esqueça de dormir bem cedo, para que possa ter bons sonhos... Talvez, com notícias de sua amiga.
O príncipe ajeitou as rédeas e partiu. Agora teríamos que contar a Janie, sua origem. O que não seria nada fácil.



sábado, 28 de abril de 2012

A Sucessora - Capítulo 7

Depoimento de:

Estava amanhecendo, apenas Anie e eu permanecíamos sentadas na escadaria do palácio, foi quando avistamos Ember, vindo do horizonte. Em um passo meio rápido, quando finalmente apareceu no portão, corremos atá ela.

_Ember..... E então... Encontrou? - perguntei muito curiosa

Mas Ember estava com uma cara de dúvida. 

_Não vão acreditar... Não conseguirão acreditar. É uma jovem, e está presa nas masmorras do castelo. - Anie não mostrava nenhuma expressão de preocupação, pelo contrário parecia não sentir nada. Fadas do sentimento como eu, conseguem ler as mentes das outras e o que se passa em seus corações, mas não queria ler sua mente. Ember parecia até mais pálida, mas continuou.

_Ela se parece muito com a Rainha Susana, e realmente Susana estava em seus sonhos, em sua mente, não consegui ler todos seus sonhos. Mas é certo, a jovem é uma prole da Rainha.


A notícia veio como um choque. Era praticamente impossível. Era fantástico. 

_Mas como será que ela foi parar lá? - olhei pra minha direita Anie havia sumido - Agora a Anie faz o favor 
de sumir. 

De repente uma voz surgiu por trás da gente, era Ybelle dizendo: 

_Ember vá descansar você teve uma longa noite. Glen você também deve descansar- disse ela.

Logo depois que Ember foi embora, eu fingi ir embora também. Quis sair pro mundo humano, o que era bem perigoso, mais como era bem cedo só iria encontrar muitas pessoas nos grandes vilarejos. Algumas fadas se materializam, eu tive que me materializar, tive que passar um pó pra esconder minha brancura escondi minhas orelhas e minhas asas, coloquei uma roupa de camponesa, e sai, na hora de atravessar o véu reparei que já estava aberto. O véu quando se rompe por uma fada só se fecha quando essa fada volta então pela lógica o véu se fechou quando Ember voltou.
Quem será que atravessou o véu? Então alguma de nós anda nos traindo, pensei em continuar com a idéia de tentar encontrar a menina, mais desisti. Enquanto voltava para meu bosque, pensei em varias fadas, e o porquê dela ter saído. Será que foi com o mesmo propósito que eu? Quando cheguei, tirei toda aquela roupa, coloquei um vestido roxo, nem quis colocar sandálias por que ia dar muito trabalho, mas logo vi que eu ia me arrepender, peguei um casaco e parti pro bosque oculto, onde Ember mora, chegando lá sai procurando por ela, quando a achei ela estava no lugar de sempre no seu balanço no topo do monte. O frio pra mim era de lascar, e num lugar de noite eterna, o frio era constante.
Assim que cheguei, ela nem acreditou que eu estava lá.

_Ember, o véu esta aberto. Eu ia ir ate o mundo dos humanos e quando ia passar pelo véu, ele estava 
aberto. -disse ofegante

_Impossível, ele se fechou quando voltei, e verifiquei se havia fechado- disse ela

_Acho que há uma traidora entre nós.

Será que realmente a uma traidora entre nós? Aquilo me deixou muito intrigada. Quem seria? Eu simplesmente poderia ler sua mente e descobrir, mais ela pode me bloquear. Eu sabia que Ember estava com o mesmo pensamento. 
Quando eu voltei faltavam algumas fadas, que estavam em sua tarefas diárias como Igne, Norreen, Anie e Kamile. Mas Anie não tinha nenhuma tarefa hoje, mais como disse Kamile, ela estaria em seu quarto dormindo, então decidi ir chamá-la e realmente ela estava lá. Eu decidi por mim mesma em ir olhar o véu, e estava fechado como se nunca tivesse sido rompido. Se o véu soubesse falar ele poderia me contar quem passou ali, mais quem sabe eu não achasse alguma pista, que poderia me ajudar. Olhei cada detalhe o máximo que consegui foram pegadas. 
Já deviam ser umas 6 horas da tarde, ha essa todas fadas já deviam ter voltado ao refugio, convoquei todas na sala, e comecei minha fala

_Boa noite, Estamos todas reunidas por uma causa, ninguém em Nárnia saberia que alguma pessoa de outro mundo estaria aqui ao menos que alguém tivesse contado pro rei, e em toda terra de Nárnia apenas nós fadas sabemos que uma Menina de sangue real estava aqui - todas as fadas se entre olharam sob uma não mostrava nenhuma reação - agora a menina esta numa sela e talvez já foi até pra julgamento e todas vocês sabem que invasores ou pessoas que não são registradas no governo de Nárnia, são mortos. Então levo a crer que tem uma traidora entre nós, hoje quando tentei ir no mundo dos humano, antes de passar reparei o véu rasgado, e não foi quando Ember passou. Tinha sido aberto por alguém e só nós fadas podemos fazer isso. - pelo incrível que pareça todas as fadas se fecharam, eu não podia ler seus sentimentos- sei que todas se fecharam e isso não vai ficar assim, vou descobrir quem e essa.

Logo depois Ybelle me deu uma bronca por ter tentado passar pelo véu sem sua permissão, mais agradeceu por não ter saído e ter contado a todas sobre a suposta traidora.

Chamei Lua e voltei pro meu bosque queria ficar em casa, troquei minha roupa e deitei na minha cama mais eu estava muito inquieta não conseguia dormir. Sentei numa pequena colina e minha única companhia a noite toda foi minha preciosa Lua. Estava curiosa queria saber quem era e como era a menina, devia ser a cara da Susana. Acabei adormecendo encostada na lua, acordei com a luz do sol no meu rosto, assim que me levantei estava tão dolorida, voei ate um pomar, peguei uma maça e fui direto pro palácio.




domingo, 18 de março de 2012

A Sucessora - Capítulo 6

Depoimento de:

Era tudo completamente magnífico .A cada detalhe, a cada passo uma surpresa no céu ou no balançar das árvores.
Quanto mais eu andava pela pequena trilha, que começava pelo lampião, uma sede horrível que deixava minha garganta irritada começou. Então fui a procura de um rio, ou fonte, quem sabe...
Eu observava tudo, e não sabia onde estava, o que eu iria fazer e como voltaria para casa? Eram tantas dúvidas, que com o tempo, mal conseguia respirar.
Indo cada vez mais longe, escutei sinais de passos .Eram apressados, preocupados, eram importantes, tão importantes que as árvores dançaram no ritmo das pisadas misteriosas. Escondi-me atrás de uma enorme árvore, que era tão alta que não parecia ter fim.
E então, vi um sujeito estranho. Era um anão com longos cabelos castanhos, que iam até a cintura, com um olho azul claro e o outro castanho escuro. Atrás dele, com um aglomerado de b coisas penduradas em suas costas, um cavalo marrom, com  ferimentos em torno de sua pata, como se fosse chicoteado toda semana, ou como se prendessem ele toda noite, mas mesmo assim, ele era bonito e bem cuidado.
-O rei pediu para procurar, então não reclame....Esta “coisa” deve estar por aqui!-disse o anão, com uma voz rouca.
-E se a coisa for perigosa? E se nos atacar?  -disse o cavalo. Eu,idiota como sempre, dei um susto tão grande que tropecei em uma pedra e cai para trás, fazendo um barulho entre as árvores.
-Escute, Mercus! - disse o anão, ao escutar meu tombo. - A “coisa” deve estar por perto. - ele tirou de sua cintura uma espada. Eu arregalando meus olhos de medo. Eram caçadores, e a “coisa” podia ser eu. Comecei a suar frio. A mata atrás de mim era fechada, havia névoa, mesmo num sol de meio-dia. Era sombrio, assustador. Eu teria que enfrentar a floresta e fugir. Então tive que esperar o momento certo. Me levantei lentamente, enquanto eles andavam em minha direção, um pouco mais para a esquerda.
O anão olhou ao seu redor, e quando ele iria olhar em minha direção, o cavalo falou algo, tirando a atenção dele.
-Atencious, como vamos saber que “A coisa” é “A coisa”? - diz o cavalo, novamente. Eu comecei a andar para trás, devagar.
-O Rei disse que ninguém anda muito por aqui, e há milhares de anos atrás, os Reis e Rainhas Do Passado, apareceram por aqui. E essa coisa pode ser a salvação de Nárnia. Tomara que ela consiga fugir, ela será a única chance de nos tirar do cativeiro do Rei. - disse o anão, e eu fiquei confusa. Eles querem me matar, mas também querem que eu fuja? Eles são escravos do “tal” Rei.
-Mas lembre-se, o Rei não acredita na lenda, nunca mencione isso perto dele! – disse nervoso - Atencious, estou sentindo um cheiro muito, muito estranho - diz o cavalo.
-Cheiro estranho? Cheiro de que? - o anão pergunta.
-Uma mistura estranha. Cheiro de humano, e perfume de rosas vermelhas. - Dessa vez, sabia que o cavalo falante falava de mim. Este era meu cheiro, meu quarto ficava ao lado de um jardim, onde minha mãe me contava histórias e eu dormia em seu colo, quando tinha 3 a 7 anos. Eu andei para trás, um galho se quebrou e eles olharam para mim.
Ficamos em silêncio por uns dez segundos, nos observando. Não conseguia me mexer. Eles também, pelo jeito. Então, lembrei. Corra, Janie, corra!
-A cerque Mercus! - O anão gritava, enquanto eu corria  em direção a mata fechada.
O anão soe nas costas do cavalo, enquanto eu corria mais rápido que minhas pernas e meu pulmão pouco aguentava. Finalmente achei um pequeno rio, minha garganta gritou por água, mas eu a ignorei e saltei. Cai do outro lado. Vi eles ainda na minha direção e continuei correndo.
Além de correr, eu desviava das árvores. Comecei a desacelerar pois eu não suportava mais. Então, peguei uma pedra e joguei na direção do anão e do cavalo, mas eles se desviaram.
Continuei correndo, mas quando olhei para frente, o pior aconteceu.
Eu tropecei em uma linha, onde uma enorme armadilha estava montada. Uma rede me prendeu.
Me balanço e vejo o Anão em cima do cavalo, em minha direção. Eles chegam perto, o pequeno desceu nobremente, e disse, meio triste por eu ser capturada.
-Você está presa por Ordens de Nosso Rei! - disse o anão, triste, cansado, mas tentando disfarçar.
-Que Rei?Aonde eu estou? E você cavalo, por que está em silêncio? - eu não devia ter falado aquilo.
-Está biruta? Este cavalo é um preguiçoso, e se falasse também te prenderia de uma maneira ou outra! Você está em Nárnia, Coisa. E você saberá o nome do Rei em breve. Coisas como você podem amaldiçoar-nos dizendo apenas o nome. - disse o anão. Ele cortou a rede, me prendeu com uma corda e, enquanto o cavalo tinha mantida uma faca no meu pescoço para eu não fugir. E por mais que eu quisesse, eu estava cansada demais.
O anão me jogou por cima do cavalo, e começamos a ir em direção ao Castelo do Rei, pelo que disse o anão. Ele e o cavalo ficaram em silêncio durante toda a viagem.
Foram mais de horas, andando até esse tal Castelo, e eu não podia falar, me mexer, nem observar a vista, pois o Anão colocou um cobertor preto por cima de mim. E até já tinha esquecido de minha sede insaciável.
E então, quando o anão me descobriu, já era noite. Madrugada,talvez.
-Vamos levar você logo a masmorra, o rei está dormindo neste momento. Amanhã ele terá uma grande alegria em vê-la. - disse o Anão, e colocou-me o cobertor de novo.
Eles andaram e andaram, subiram escadas até que finalmente, sem querer meu cobertor caiu, na verdade, ele voou.
Quando abri meus olhos, uma altura de 30 metros ou sei lá quantos (nunca fui muito boa em matemática), invadia minha vista. Olhei para trás e o anão ainda subia escadas e o cavalo ainda me carregava. Então, o anão entrou na frente e abriu a porta de uma torre muito, muito alta.
O cavalo entrou, me jogou no chão, e fui desamarra. Fiquei sem forças, e quando ele tirou a corda que tapava minha boca, comecei a suspirar alto, recuperando muito mais o fôlego.
Era um lugar com quatro paredes, meio apertado. Havia uma pequena abertura no teto, depois pude ver que a porta era meio estreita. Como uma solitária.
O cavalo saiu, o anão colocou um copo de água no chão,  saiu e trancou um pequeno portão, tipo aqueles de cadeia. Até esqueci o nome, de tão assustador e horrível o lugar.
Eles foram embora, e eu fiquei deitada lá. Morrendo de dor, pois as cordas estavam muito apertadas. Era frio, e me cobri com um coberto verde musgo que pinicava um pouco. Depois, bebi aquele copo d’água. Gelada, e minha garganta reclamava enquanto bebia, mas sabia que devia beber, pois minha mãe, sempre me ensinou que água hidratava, recuperava nossas forças. Minha mãe.
Será que ela veio mesmo para aquele lugar? E sofreu tudo o que eu passei? Só queria que ela me desse aqueles conselhos sábios naquele momento. E então, enquanto eu pensava nela, acabei dormindo lentamente, e tive um sonho.
Era uma criatura bela, linda, e tinha grandes asas com detalhes prateados. Mas não podia distinguir se ela era grande ou pequena, só podia ver que enquanto eu dormia, ela estava ao meu lado, me acariciando, me vigiando. Ela era tão graciosa que queria que aquele sonho não terminasse. Então, algo me chama.
-Ei! Você! Ei! Acorde! - era uma bela voz, uma doce melodia. Era um rapaz pouco mais velho que eu. Eu tremia de frio e não queria abrir meus olhos, mas quando o fiz, podia ver que o dia estava amanhecendo lentamente, com uma graciosidade, mas na mesma misteriosa tristeza.
Então, vejo um rapaz de olhos azuis como o céu, que brilhavam como o mar. Seus cabelos loiros era como o mais puro ouro, e reluzente como o pó de uma estrela. Ele demonstrava pressa em seu rosto, pois a todo momento olhava para trás.
Pude perceber que eu estava em seus braços, e então me levantei e, desconfiada, logo questionei:
-Quem é você?
-Não interessa neste momento. Mas vou te ajudar. Levante, o dia já vai amanhecer, eles vão acordar! - ele disse e eu me levantei e cai no chão novamente, começando a chorar. Minhas pernas estavam com câimbra.
-Não consigo, é impossível! – disse, sussurrando. Ele, sem responder me pegou em seus braços e desceu as escadas correndo.
Ele olhava para os lados. Até que alguém nos vê.
-Ei! Você! - Disse um guarda que passava por lá. Ele pegou uma faca em sua cintura, com eu ainda no colo e jogou-a na direção do homem, e por incrível que pareça, acertou em cheio seu coração.
Ele continuava correndo. Até que entramos em um celeiro de cavalos, onde já tinha um nos esperando. Ele me colocou sentada no chão, arrumou o animal , com muita, muita pressa, e me ajudou a subir. Ainda estava decadente, mas estava melhorando aos poucos. Então, ele pegou as rédeas do cavalo e começamos a cavalgar, fugindo do castelo. Tive vergonha de segurar em sua cintura, afinal, não sabia quem ele era, mas não tinha tempo de pensar nisso, eu ia fugir finalmente daquele lugar frio e assustador.
Ele corria muito com o cavalo, eu sentia muito medo, mas algo me dizia que eu poderia confiar nele.
Então, encostei minha cabeça em suas costas, e eu quase ia dormindo aos poucos, respirando seu perfume, eu sabia que a partir daquele momento estaria segura.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

A Sucessora - Capítulo 5

Depoimento de:

            O Conselho terminou aos ares vespertinos, o Sol ainda se encontrava no centro do céu. Porém, após todas as decisões terem sido feitas, continuamos lá, conversando sobre os acontecimentos, expondo nossas expectativas, e colocando sobre a mesa, todos os problemas que se seguiriam. Mas ainda não era hora de se preocupar com isso, a única coisa que poderia ser feita naquele momento, estava em minhas mãos. Quando a noite começou a cair, algo que sempre me agradava quando não estava nos Bosques Ocultos, sai para começar logo minha jornada diária. Afinal, eu tinha apenas até o amanhecer, o que, mesmo que não pareça, é muito pouco tempo.
            Quando pisei para fora do Palácio, o esbelto Thorine me aguardava, a brisa, agora em uma temperatura extremamente agradável, movimentava os longos fios que cobriam seu pescoço. Os olhos azuis, agora brilhavam instantaneamente. Voamos durante alguns minutos, a atmosfera não era mais a mesma, raramente Thorine precisava bater as longas e singelas asas, era como se tivesse se tornado mais leve, patinando sobre água petrificada. Até que chegamos ao ponto, onde o que sempre me acompanhava deveria deixar-me, ainda era perigoso demais para um ser definitivamente mágico pisar em Nárnia. Nós fazíamos isso, pois era nosso trabalho, sabíamos como fazê-lo de forma que não nos notassem, e mesmo ele tento centenas de anos nas costas, nunca houvera sentido os ares da nova Nárnia. Enfim, deixe-o no berço de Kamille, geralmente ficava em casa, mas o que seguiria era um futuro incerto, era melhor não arriscar. Os outros o receberam muitíssimo bem, como sempre, Thorine estando na maioria das vezes comigo, digamos que como eu, não era muito socializado, mas possuía uma aura contagiante. Ele esperou meu consentimento e se foi. Correndo lado a lado com seus irmãos, algo que não acontecia muito, mas nessas raras chances, era como se voltasse à suas raízes. Naquele ponto, nem se lembrava mais de mim. Então olhei ao redor, fechei os olhos, concentrei toda energia, e em um milésimo de segundo, já havia ultrapassado o véu.
            O mundo lá fora era assustador, ninguém o reconheceria como Nárnia. O céu sem estrelas fazia da noite um infinito negro, nada comparado aos Bosques, que mesmo com a eterna noite, nunca chegou ao ponto de total escuridão. As poucas árvores existentes, sempre secas e sem vida, impediam o descanso das aves, tornando-se rara a visão de qualquer movimento celeste. Os poucos animais livres, magros e doentes, sem sinal algum de fala. Com os olhos tristes e caídos, quase pedindo socorro. Sei que se pudessem dariam gritos de dor, mas não podendo, soltando apenas gemidos terríveis. Essa era a pior parte de meu trabalho, ter que todas as noites, me deparar com aquela situação deplorável.
            Eu sempre começo pelos campos, onde as pessoas se deitam mais cedo. Eu sabia bem como elas se sentiam, esperando logo pegar no sono, para VIVER pelo menos por algumas horas em seus sonhos. Meu primeiro local de parada era sempre uma pequena Cabana, distante de qualquer outro aglomerado de pessoas, era a mais perto de onde o véu nos levava. Lá vivia uma senhora, com não menos que 60 anos. Era difícil que alguém em Nárnia vivesse por tanto tempo, mas a doce Cornelle havia superado essa estimativa. Seus dois filhos, ambos pais de família, raramente visitavam-na. Seu marido morrera há anos em um conflito narniano. Então a pobre mulher era praticamente sozinha. Era a alma humana mais pura de toda Nárnia, ela definitivamente, desde criança, acreditava na magia um dia existente aqui. Sendo assim, não exclusivamente eu, mas algumas de minhas irmãs, permitíamos às vezes que ela nos visse. Apesar de ela, no fundo, acreditar que eram apenas alucinações. Implantei seu sonho, ultimamente eu sentia sua essência ficar mais fraca, e Maryn já me avisara que ela não tinha mais tanto tempo. Era triste que fosse morrer tão só como estava. Segui nas próximas cabanas, pulando as que ainda possuíam alguém acordado. Até que os ranchos começaram a se transformar em casas maiores, onde encontrei a de Joseph, o filho mais velho de Cornelle. Nesta, a jovem Clarice ainda não dormia, era importante que eu implantasse nela, um sonho com a avó, chamando sua atenção para ela, Clarice tinha uma ligação muito forte com Cornelle, desde que nasceu fiz com que isso existisse entre elas, sempre usei a menina, como um meio de avisar o que a senhora passava.
            Gastei toda a noite em meus trabalhos diários, ou melhor, noturnos. Já havia percorrido toda Nárnia, e apenas o Palácio e seus arredores, faltavam. Isso era perigoso. Era madrugada, e eu ainda não achara ninguém que poderia ser o novo a pisar em nossa terra. Naquele ponto não era comum que pessoas estivessem acordadas, eu poderia muito bem ter voltado nas casas anteriores, onde os moradores ainda estavam acordados quando passei, mas não sei por que, decidi adentar a Muralha primeiro. As casas dos Nobres, e servos mais importantes, juntamente com o Palácio, ficavam protegidos por um extenso muro de pedras, de altura tremenda, impenetrável para meros mortais. Fui em todas elas, e nada. Dentro do Castelo, o mesmo rei insignificante. A mesma rainha. Os mesmos príncipes e princesas, eram cinco no total. Os mesmos servos. Estava quase desistindo, quando algo me veio à cabeça. As masmorras. Onde foras-da-lei, traidores e escravos inimigos passavam o resto de seus dias. Era óbvio, que se alguém que não era de Nárnia aparecesse por lá, iriam querer prendê-lo. Eu odiava a ideia de ter que ir até lá, a mente de todos os presentes, era amargurante. Mas sem demora fui até as Masmorras. Não havia nenhuma alma acordada. O lugar era repugnante, encardido e cheirava a sangue.  Oposto às selas, ficavam os instrumentos de tortura, era uma visão horrível. Infelizmente eu já tivera o desprazer de ver como funcionavam. Comecei pelo cômodo maior, os mesmos desgarrados de sempre. Segundo, um a menos, o que explicava o sangue ainda fresco no chão. Terceira e quarta selas, tudo igual. Quinta sela, uma a mais. Todavia, já o conhecia, um insano, contrário a política atual. Sexta e sétima selas, igual ao dia anterior. Oitava sela vazia, costumavam reserva-la para os mais perigosos. Nona sela, a menor e menos usada, diferente das outras, cercada por quatro paredes de concreto, com uma única porta estreita, com apenas uma humilde abertura no topo. Era uma espécie de solitária. Quando ultrapassei as paredes, foi que veio a surpresa. Toda encolhida, coberta por um sujo cobertor verde-musgo, estava o que me parecera de primeiro, uma criança. Chegando mais perto, notei que não era tão jovem quanto julguei, deveria ter uns 14 ou 15 anos, a mesma idade do Arvoredo da Vida. Por um pequeno vago, onde o cobertor não a tampava, pude notar seu vestido, branco, mas não de nossa época, parecia estranhamente diferente, estava rasgado e sujo. Seus longos cabelos negros tampavam parte do rosto, deixando a mostra apenas o olho esquerdo, que tremia incontrolavelmente. Eu não deveria fazê-lo. Não, não deveria. Mas não me contive. Com todo cuidado, sente-me ao lado da jovem, e com um movimento leve e delicado, tirei os fios de escuridão de sua face. Eu não pretendia ler suas memórias, mas ao tocá-la, foi inevitável. Todas vieram juntas, pois eu nunca havia as visto antes. Eu vira tão incrível alma, apenas milhares e milhares de anos atrás. Ela possuía uma bondade inacreditável, uma magia que já nascera dentro dela.
            Posso dizer que passei bastante tempo desvendando-a, pude ver que foi uma criança excluída e muito diferente das outras. Mas algumas pessoas não apareciam nas imagens, como se tivessem sido apagadas, excluídas da mente da menina. Podia ser o momento que se passava, ou então, por escolha dela própria, pois podemos fazer isso, se realmente desejarmos. Foi quando chegou a uma imagem, que me prendeu. Parecia recente, ela enxergava de uma porta entreaberta. A visão era apenas de um homem, de cabelos castanhos e barba crescida, um rosto rígido e, no momento, aparentemente, nervoso. Porém havia uma voz de mulher, que falava em um tom baixo e trêmulo.
            _Querido, não faz mal algum contar à ela algumas histórias.
            _Sim, não faria. Mas você ilude Janie demais com essas suas histórias impossíveis. Não vê? Ela já cresceu! Você a viciou nesse seu mundo imaginário. – Ele falava rudemente, e nesse ponto, já tinha se levantado, e a voz feminina soluçava – Os outros já falam. Nessa idade Janie deveria no mínimo ter um objetivo. Um pretendente. E ela se tranca, não quer saber de nada real. REAL, entende? Ela precisa de estrutura. De uma mãe, não uma amiguinha. Caso ela envelheça sozinha, a culpa será sua. Toda sua Susana!
            Depois disso os soluços da mulher, se transformaram em um choro incontido, abafado. O homem se acalmou, e saiu de vista, provavelmente foi até a mulher.
            _Me desculpe querida. Sabe que só quero o bem de Janie. Não percebe, mas não é só ela que é diferente das outras. Você não é mais criança. Seja lá o que tenha feito ou deixado de fazer, não há mais tempo para mudar. Você não pode trazê-los de volta.
            O choro da mulher se aguçou, agora parecia mais triste que nervoso.
            _Você não sabe de nada. Nunca saberá.
            Passos rápidos se aproximaram da porta, que foi aberta bruscamente. A mulher tinha, como a jovem, longos cabelos negros, e mantinha as mãos sobre o rosto. Ao notar que alguém escutara a conversa, se assustou, deixando a face livre. Era bela, um rosto delicado, porém marcado pelo tempo. Os olhos estavam vermelhos e inchados. Algo, lá no fundo, por trás do olhar triste, me lembrava alguém. O homem a chamara de Susana, sim? Claro, era realmente ela. Como poderia estar tão diferente? Então foi nisso que se tornou?
            Ao notar a que tudo se referia, me desconcentrei e perdi o foco. A imagem desapareceu como em uma explosão. Despertei na hora. A noite já findava, e um Sol caloroso nascia por trás das montanhas. Eu não implantara todos os sonhos, mas não haveria mais tempo. Porém Janie estava na minha frente, e eu sabia de que precisava. Antes de partir, voltei em um do quartos do Palácio, essa minha última ação, seria muito importante daqui algumas horas.

-X-

Esperavam-me ansiosas fora do Palácio. Inquietas, se agitaram mais ainda quando cheguei. Tratei logo de contar o que tinha encontrado, e todas ficaram surpresas, felizes e realizadas. Era o sinal. Mas poucos segundos depois caiu sobre todas, a preocupação. Como a traríamos para o Palácio? Dando um sorriso orgulhoso, o que eu confesso que sou especialista, disse com um ar bem superior – mas que todas entenderam:
            _Já cuidei de tudo!